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Foto do escritorCasa das Negas

Casa das Negas: A idealização de um sonho <3




A história da Casa das Negas começa com a história de um grande amor.



Começa quando Hesse Santana e Liana Cavalcante decidiram ir de mãos dadas para a praça do ferreira com um pandeiro na mão para tocar músicas afro-indígenas. A experiência de estar na rua sempre foi potente, forte, mistica. A rua comportava os seus medos, mas também suas esperanças e liberdades. Quando iam para rua, os acompanhava sempre um sentimento latente, a sensação de um amor reencontrado de outras vidas, a sensação de que era possível amar simplesmente...Na força da rua, eles pegaram a estrada para longe de antigas relações abusivas e seguiram sorrindo, pra tocar em outras feiras, acompanhados de suas crias. Era isso.


De mãos dadas eles enfrentaram violência física e moral. Enfrentaram racismo, machismo e homofobia e não foi fácil. Mas ao mesmo tempo que lutavam, eles amavam e ao mesmo tempo que amavam faziam gerar o Coletivo As negas com apoio inicial de uma flor chamada Margarida. Margarida fez os primeiros registros. As primeiras fotografias. as gravações no quintal grafitado pelo Siba.



O coletivo ganhou forma, a música da feira foi ganhando cada vez mais identidade, surgiu a vontade do teatro, da dança, da performance. Surgiu também a vontade do mar. Então pegaram a estrada novamente, dessa vez pra desembocar no mar da Barra do Ceará, na comunidade das Goiabeiras, ainda no Grande território do Pirambu.

E ai voltaram a dançar bumba-meu-boi! Começaram as articulações comunitárias com os grupos tradicionais locais, a ensinar teatro para os meninos da comunidade, começaram o Grupo de côco das Goiabeiras, buscando reviver a memória do antigos que dançavam coco naquelas praias. Começaram a criar outros trabalhos. Criaram "Carol", "Pela força da linha", "La gitana" e tocaram pra frente o "De profundis". Trabalhos sobre as realidades que eles conheciam bem. Falando da espiritualidade da umbanda, sobre intolerância, sobre violência. Trabalhos para se fazer ouvir. E foram alimentando o sonho de ter uma casa bem grande, onde pudessem fazer tudo isso e dar apoio a mulheres, aos meninos da favela, as pessoas LGBT+, para que juntos com outros iguais a eles pudessem ser ouvidos, pudessem cuidar uns dos outros, que houvesse espaço para debater, para ler, ver filmes e teatro. Espaço também para as crianças brincarem. E foi assim que foi concebido o sonho da Casa das Negas.

Com o apoio do Itaú Unibanco e da Mais diversidade eles conseguiram!



Acharam uma casa linda, cuja dona tinha uma preocupação: "Não admito neste casa homem que bate em mulher". Então decidiram que tinha que ser essa.

A Casa das Negas virou uma realidade, mas ainda vêm sendo construída pouco a pouco!

O primeiro mês foi de articulação, diálogo, tentativa de afinar as vontades e de se fazer conhecer pela comunidade.

No primeiro dia na Casa eles bateram tambor para celebrar.

A intolerância religiosa chegou rápida. Em poucas horas ligações eram feitas para a dona da casa na tentativa de saber se aquilo era um terreiro. Primeiro ponto de dialogo que tiveram que estabelecer. Nos próximos dias os vizinhos acostumaram-se a ouvir o tambor ressoar, não com aceitação, mas pelo menos sem reclamações e ofensas públicas. Salve os campos de batalha Axé! Primeiro mês.




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